Brasil:Pior de todas as copas
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Brasil:Pior de todas as copas




problemas em fortaleza

 Estamos às portas da segunda Copa do Mundo no Brasil. É isso mesmo, em 1950 sediamos essa mesma competição, mas acabamos envergonhados porque perdemos na final. Mas, isso passou, afinal vencemos outras cinco competições, somos penta! Agora, deveríamos estar orgulhosos de sediar pela segunda vez esse grande evento mundial, não tendo nada do que nos envergonhar. Será?

Como não ter vergonha de torcer por uma bandeira que tem sido usada para esconder crimes, abusos e corrupção? Como ficar empolgado dentro ou fora das arenas que desalojaram milhares, provocaram mortes, isolaram comunidades sem saneamento, sem saúde e sem educação?

O padrão FIFA não chegou nem de longe às comunidades com ruas esburacadas, remendadas e abandonadas ao controle do tráfico e da violência sem razão.

Como entrar num clima de euforia, de torcida e de celebração, quando o que está sendo oferecido nos estádios, nas TVs e nas Fan Fests, visa mascarar as CPIs do faz de conta, encabeçadas pelos que querem manter o combustível da corrupção? Como não se envergonhar de um país tão rico em recursos que fracassa na incompetência dos que apresentam um “PIBinho” agonizando e uma represada inflação? Como não se envergonhar diante da apelação da mídia prostituída que força um clima de festa incapaz de perceber o sofrimento da população? Como celebrar qualquer vitória de um esporte manipulado pelas grandes marcas, pelos oportunistas espúrios que fazem todo tipo de acordo capaz de estimular a contravenção?

As perguntas são retóricas, pois não há como disfarçar a vergonha que supera em muito a dos anos 50. Naquele tempo perdemos no campo, hoje perdemos fora do campo (10 x 0) para a exploração sexual infanto-juvenil, para o tráfico, para a sujeira nas ruas, para o esgoto a céu aberto, para as epidemias de dengue, para o analfabetismo, para os hospitais sem leito, para a corrupção dos poderes, perdemos para uma cidade que nunca foi beneficiária do padrão FIFA.

A incompetência das esferas do poder público é gritante e justifica a indignação. Essa é a pior Copa das Copas! Por isso, nem a bandeira brasileira merece ser hasteada ou tremulada por causa da vergonha que passamos e vamos passar, talvez não dentro do campo, mas fora dele, o que será incomparavelmente maior do que em 1950.

É hora de mostrar que ser brasileiro é não ser ludibriado, alienado ou anestesiado por este Estado que ora quer se promover, aliás, o melhor jeito de ser brasileiro, cidadão e artilheiro é não se render ao engano dos que estão tentando embutir no bojo da Seleção a manutenção do poder corrompido, a ganância opressora pelo dinheiro não licitado, a repressão travestida de segurança, como se tapumes pudessem esconder o inacabado, o superfaturado, a miséria e a frustração.

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Armando Bispo

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