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Coluna de Afa Neto: HÁ CAMINHO E CAMINHOS.

Coluna de Afa Neto: HÁ CAMINHO E CAMINHOS.

             Coluna de Afa Neto: HÁ CAMINHO E CAMINHOS.


Ser igual aos demais traz uma falsa sensação de segurança quando os dias são incertos. Da mesma maneira poderíamos dizer que trilhar um caminho pouco trafegado implica em uma sensação de insegurança. É o drama da incerteza embutida no desconhecido, no novo, no ainda não explorado. Li na semana passada uma advertência de alguém para que determinada comunidade de fé repensasse sua trajetória sempre marcada pela alternatividade. A ideia era que essa comunidade abandonasse o discurso e a prática de ser uma comunidade “diferente” (entenda-se: recusar-se a ser uma comunidade como todas as outras, sabendo-se que ela não era a única na sua condição). Como estou fazendo uma série de reflexões baseadas no livro bíblico de Atos dos Apóstolos e para este domingo o texto da sequência era o capítulo 18, fiz uma viagem até a cidade de Corinto em companhia de Paulo. Fiquei surpreso com as semelhanças da situação retratada no texto e a tentação para abandonar a dissonância e migrar para a convencionalidade. O apóstolo tinha acabado de chegar de Atenas e, como de costume, dirigiu-se para a sinagoga para, dali, começar sua incursão missionária naquela cidade. A investida teve êxito e logo Paulo se viu alvo das tramas da comunidade judaica local descontente com sua pregação. O fato vai parar no tribunal de Corinto e os acusadores apresentam ao procônsul Gálio os termos da acusação: “Este homem está persuadindo o povo a adorar a Deus de maneira contrária à Lei” (verso 13). Ou seja, o apóstolo destoava em conteúdo e modus operandi daquilo que a religiosidade dos seus dias esperava dele. E o pomo de discórdia era, como sempre, entre Lei e Graça, entre Torá e Jesus, entre a segurança das regras do livro e a aventura apaixonada da fé. Paulo fez opção por trilhar as sendas pouco pisadas da singularidade, como fizera seu mestre Jesus. Sabia que o preço era indigesto, mas entendia que era o único possível se quisesse manter sua fidelidade ao Reino proclamado pelo Galileu. Vivemos dias confusos e de muitas incertezas e sei que a grande tentação é nos refugiarmos no abraço da convencionalidade. Ser mais um entre os outros nos dá a sensação de aconchego, de amparo pela maioria religiosa. E certamente essa escolha nos poupará de muitos dissabores. Mas existe uma outra opção. A de se alinhar com Jesus e Paulo e se aventurar pelo caminho quase solitário do Evangelho. Esse, posso assegurar, acarretará aos seus andarilhos muitos dissabores e incompreensões. Mas a esperança é que, no final, valerá a pena.

Deus nos abençoe e nos guarde.

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