Crônica, Quintino, um ilustre da terra.
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Crônica, Quintino, um ilustre da terra.

Por JOSIEL BARROS


O vasto umbuzeiro cobria uma grande extensão de terra formando uma sobra que se movia de leste ao oeste de acordo a rotação da terra. Nessa mesma rotação se moviam as peças e a marcenaria do sr. Quintino. Pela manhã estava de um lado do pé do umbu e à tarde, do outro lado sempre procurando a sombra para se proteger.

Dependurados aos galhos do umbuzeiro o serrote e o machado e sobre a grande mesa de umburana, o Enxó, o compasso, a pua e plaina de chifre.

Seu Quintino era um marceneiro espetacular. Daqueles que fazia uma cama que durava um século. Tinha parceria com o Sr. Custodio no tocante as ferragens mas, na arte da madeira era incomum. Carros de bois e carroças era sua especialidade.

Por localizar-se numa bifurcação de duas estradas, muitos transeuntes passavam por ali. Carros, cavalos, carros de bois e de bicicletas, obrigatoriamente cruzavam aquele espaço e, como mandava a cultura da época, cumprimentar as pessoas era obrigação.

– Bom dia seu Quintino. Como estão as coisas? E dona Carlota melhorou? Perguntava um.

– E Licinho Já mandou noticia? Está bem lá em Brasília? Perguntava outro.

- Bom dia Quintino. O dia está frio, não é? Dizia outro que parava por ali.

Assim, as tarefas do Sr. Quintino eram interrompidas várias vezes ao ponto dele se irritar com tais bons dias.


Num daqueles dias, o irmão João Barbosa parou sua bicicleta junto ao pé de umbu, um pé ao chão e outro sobre o guidão em posição de urgência:

- Bom dia seu Quintino, tudo bem? – Tudo bem João e com você? – Comigo tudo bem. – E Quênio está bem de saúde? Zé Marçal está por aqui?. Quênio era um dos seus filhos, casado com minha prima Maria e pai de Joelma DA Silva Oliveira.


Atrás de cada resposta outra pergunta e a prosa boa continuou por muito tempo. Lá pra tantas, o irmão João resolveu perguntar as horas. – e ai seu Quintino, quantas horas? - Pera ai. Deixe-me olhar: Já são doze e meia, João.


- Vixe meu Deus. Não vai dá mais pra ir à roça. Tenho que voltar para o almoço. - Boa tarde seu Quintino. E fazendo meia volta se dirigiu ao centro onde morava.

Virando-se, resmungou baixinho: - Ainda tenho de terminar o Eixo do Carro de Boi de Zionório que virá buscar amanhã.


Assim era a vida do seu Quintino naquela movimentada marcenaria.

Esses são os ilustres desta terra.

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