Taxa de juros Selic. Toda unanimidade é burra!
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Taxa de juros Selic. Toda unanimidade é burra!


O Banco Central do Brasil estabeleceu a nova taxa Selic que passa para 6,75% ao ano, 0,25% abaixo da taxa em vigor.  A grande imprensa noticiou o assunto como uma grande comemoração. Os articulistas econômicos, igualmente, comemoraram a taxa Selic, a mais baixa dos últimos anos. Eu coloco ressalvas sobre excessivo otimismo do governo e do mercado financeiro. Toda unanimidade merece ser analisada. 

Isto parece mais uma vitória do Pirro. A taxa Selic está atrelada ao índice da inflação corrente, a mais baixa dos últimos anos, 2,75%. A menor taxa de inflação dos últimos anos é apenas consequência da “depressão” dos últimos 3 anos, a maior desde 1929. O Brasil “afundou” cerca de 7% no PIB, após sequência de altas consecutivas, interrompido apenas em 2009, em consequência da crise financeira mundial de 2008. 

O equívoco  da política econômica dos últimos governos, incluído o governo Temer, levou o País aos indicadores recordes “negativos”. O Brasil está com índice de desemprego, com carteira assinada, ao redor de 12% da força do trabalho ou equivalente a cerca de 12 milhões de desempregados. Espantoso é o número de trabalhadores no sub-emprego, e micro empresários que somam cerca de 40 milhões de trabalhadores. A gravidade do quadro econômico também é retratada com o número de “inadimplentes” no comércio. O serviço de proteção ao crédito Serasa, indica que há mais de 60 milhões de brasileiros “ficha suja” no comércio. Este quadro de “terror” é que levou a uma inflação civilizada de 2,75%. Isto não é vitória do Pirro?

Voltando à taxa Selic de 6,75% ao ano. Considerado inflação corrente de 2,75% ao ano, a taxa de “juros reais” é também espantoso, 4% ao ano. O que realmente deve levar em conta no estoque da dívida pública federal, são os juros reais e não juros nominais. Com estoque da dívida pública líquida de R$ 4,5 trilhões, sem considerar ainda o número do “déficit primário”, a dívida pública federal cresce em termos reais 4% ao ano com a nova taxa Selic. Isto é inexorável. 

Para melhor análise da situação brasileira, há que fazer comparação com os indicadores dos países do primeiro mundo como os Estados Unidos e o Japão, por exemplo. Os Estados Unidos praticam taxa básica de juros entre 1,25% a 1,50% ao ano, para inflação estimado em 2,5% ao ano, portanto juros negativos. O Banco Central do Japão pratica taxa básica de juros igual a 0%, enquanto a inflação parece voltar ao patamar de 1% ao ano. Como pode ver, os países do primeiro mundo praticam juros reais “negativos” que ao longo prazo, em tese, diminuiria o estoque da dívida pública.

O equívoco da política econômica e monetária dos sucessivos governos que vai do PSDB, passando pelo PT e terminando no novo MDB, faz com que o endividamento do setor público tenha crescido exponencialmente. O equívoco da política econômica, comemorado pelo governo Temer e pelo mercado financeiro, cobra do País as consequências que vão da falta de investimento em setores essenciais como o da educação e da saúde pública à segurança pública. Nem é preciso dizer que o índice da criminalidade, mostrados diariamente nas telas de televisão tem “relação direta” com a crise de “desemprego” que passa o Brasil.  Há poucos dias, escrevi matéria sobre a relação taxa básica de juros e desemprego nos Estado Unidos: Jerome Powell é o novo presidente do FED . Vale a pena ler para ver como um país do primeiro mundo trata o “desemprego” como prioridade quando do estabelecimento da taxa básica de juros. Enquanto isto, no Brasil, os sucessivos governos tem considerado a taxa básica de juros como prioridade em detrimento do  desemprego, bem no sentido oposto aos praticados pelos países do primeiro mundo.  Ainda assim, dentro do quadro econômico e social caótico do País, o governo Temer, o ministro da Fazenda Meirelles, a Rede Globo, os articulistas econômicos e o mercado financeiro comemoram o rebaixamento da taxa básica de juros Selic tal qual explicado nesta matéria, em unanimidade.   Tem um ditado popular que diz que “toda unanimidade é burra”. Parece que a sabedoria popular se encaixar exatamente ao assunto tratado nesta matéria

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